quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Sorriso de Monalisa


O Sorriso de Monalisa, trata da realidade das mulheres que viveram na mesma época de minha avó: os anos cinquenta. Também foi chamado de “Os anos dourados”, nem tanto para a minha avó é claro, mas para os americanos do pós-guerra que precisavam mostrar aos soviéticos o “American way of life”. Foi um período marcado pela busca das formas tradicionais de vida, tratava-se do triunfo da modernidade aliado aos valores morais da burguesia. Dentro desse novo contexto as mulheres, que um dia sustentaram a família enquanto os esposos estavam na guerra, ganham uma excelente educação, um aspirador de pó e uma máquina de lavar para ocuparem seu novo lugar- o de ótimas esposas.
As mulheres dessa época deveriam aprender a se comportar, tinham aulas como de oratória, elocução e postura para no futuro ter qualificação para servir ao marido. Desta forma, era moldada no pensamento feminino a ideia de que existe um “lugar para a mulher” dentro do funcionamento da sociedade delimitando todos os sonhos que o nosso gênero poderia ter.
Minha avó foi criada dentro deste ideal e da mesma forma criou seus filhos, assim, eu como neta carrego muito a herança deste sexismo. Lembro-me de uma vez, em um almoço de família quando tinha oito anos, minha avó pedir para apenas as netas arrumarem a cozinha enquanto os meninos brincavam no quintal. Eu não achei justo e fui perguntar por que só as meninas tinham que arrumar a casa, além de ficar com a pior parte do serviço, ela me explicou que um dia a gente ia precisar saber essas coisas. Isto aconteceu há dez anos, pode-se dizer recente, o machismo e a divisão social por gênero ainda são bem reais, por mais que se diga que a nossa sociedade alcançou uma “igualdade de gênero”.
Um exemplo de que isso ainda está longe de acontecer está na educação, meu curso: pedagogia. Não podemos negar que existe uma relação entre os empregos que geralmente recebem menos e o gênero que ocupa esses cargos. Dentro das carreiras universitárias, o magistério possui pior rendimento e a área da educação básica recebe os salários mais baixos, área esta, que é de excelência dos pedagogos. Pedagogos que em sua maioria são pedagogas. Podemos comparar também, outras duas carreiras populares ocupadas por típicos gêneros: uma doméstica ganha cerca de 678,00, salário mínimo nacional, e o pedreiro ganha em torno de dois mil.
Precisamos que a educação passe a formar cidadãos, precisamos acabar com as atividades para meninos e meninas, as cores de meninos e meninas e toda determinação de comportamento por gênero. Os pedagogos precisam dar atenção a esta realidade, pois é nos primeiros anos de educação que essas divisões sexuais são extensivamente reforçadas.